"Se você olhar bem, verá que o mundo todo é um jardim!"

(O Jardim Secreto)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Na tarde de segunda peguei um ônibus para o centro, ele já estava saindo do ponto, quando duas pessoas chegaram atrasadas. Sentei em um dos últimos bancos, eles também, era um lindo casal, e ela ria, ria muito, ria aquelas risadas gostosas e desprendidas, rara em segundas-feiras. E como era bom ouvir uma risada daquelas, logo depois de um Domingo tão carregado de ódio nas redes sociais, quiçá pelo Brasil. Eu fiz questão de lhe dizer o quanto sua risada era contagiante, eu ria também, e quando ela falou, para minha surpresa seu sotaque era nordestino, conversamos mais e rimos todos juntos até eles descerem do ônibus. Foi quando me peguei pensando na resposta dela para todo desse xenofobismo: rir, rir feliz em plena segunda-feira, não se identificar com o ódio alheio...se vocês tivessem visto as cenas, e ouvido aquela risada alegre, também teriam rido, e de repente sossegado o coração.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

C

Chama Azul


Descobri a chama azul ainda era janeiro de minha existência
No meu peito não entendia o seu pulsar misterioso
Descobri a chama azul e os seus pulsos que se encontram
Na linha vertical do caminho com cada pulsar do universo


Chama azul que me ilumina na escuridão,
No claro dia, meia-noite ou meio-dia
Arde em meu peito a vontade de me dedicar a ti
Dai me as forças para lutar nesses tempos de crise


Nos teus bosques eu caminhei
O Sol me tratou como igual
E a Lua já não era mais lembrada
Oh chama azul divina, dá-me poder de fala com as donas andorinhas, 
As sereias do alto mar, as salamandras de meu sangue, e a terra de onde germina vida!


Meu precioso tesouro, 
Minha herança única,
Verdadeiro mim mesmo,
Eu.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

"[...] 'Meu filho, vem depressa que minhas rosas estão morrendo...' E eu partiria com a minha maletinha para auscultar o coração das rosas, aplicar-lhes a coramina das flores, fazer-lhes transfusão de seiva, reavivar-lhes as cores, a fragrância, a beleza. E mal chegado a casa já haveria recados de milhões de amigas preocupadíssimas com suas azáleas, seus redodendros, seus antúrios. E eu voltaria feliz e diria com orgulho e alegria à Bem-Amada: 'Acho que consegui salvar as rosas de minha mãe.' E a Bem-Amada ficaria muito contente e me daria um beijo. E eu daria também consultas a flores pobres, e na rua todas as damas me sorririam com simpatia e respeito, cumprimentando- me com graciosos ademanes. E eu as cumprimentaria de volta, com a circunspecção que deve ter um médico de flores".

(Vinicius de Moraes)



Que bom seria se existisse um médico de flores! :(


Texto completo no link: http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/prosa/medico-de-flores

Adoentada roseira.

Minha pequena rosa adorada
Parece estar me deixando
É primavera, e não há flores
Roseira da minha varanda

Menina do meu sentir, 
Minha Rose,
Beija-flor já veio perguntar
Sabiá um médico de flores foi buscar

O canto dos passarinhos
Já não acompanham o teu pulsar
Meu coração já está em pranto
Minha pequenina

Cantei cantigas de ninar,
Colhi os sorrisos do Sol,
Aguei com chuva primaveril,
Nenhum tum tum...


Não posso acreditar.



Num saquinho plástico eu ganhei um monte de conchinhas, 
Com esmeros desenhadas pelo tempo,
 E que a areia não deixou o mar levar
São velhas moradas, são casacos de lã grossa,
Esconderijos, armaduras de habitantes que ficaram lá no mar....





(infelizmente a música não está completa no vídeo)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Prelúdios de Villa Lobos.

Doces "prelúdios" (1940) de Heitor Villa Lobos, grande compositor brasileiro de música Clássica.
Cinco, das muitas músicas eruditas que ouvi toda a vida, antes de dormir, mamãe e papai sempre foram grandes apreciadores de música clássica.
Minha preferida é Prelúdio nº 4, ABAIXO, pode ser ouvida separada das outras:




"É possível encontrar na obra de Villa-Lobos preferências por alguns recursos estilísticos: combinações inusitadas de instrumentos, arcadas bem puxadas nas cordas, uso de percussão popular e imitação do cantos de pássaros. O maestro não defendeu nem se enquadrou em nenhum movimento, e continuou por muito tempo desconhecido do público no Brasil e atacado pelos críticos, dentre os quais Oscar Guanabarino. Também se encontra em sua obra uma forte presença de referências a temas do folclore brasileiro."
(Fonte: Wikipédia)





quarta-feira, 16 de julho de 2014

Precioso.

Fanatismo (do francês "fanatisme") é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política (até aqui segundo o Wikipédia) mesmo assim pode ser observado também acompanhado da "Idolatria" (não no sentido religioso), ao meu ver. O fanático é dotado de extremo individualismo, apego, e preconceitos, podemos dar como um exemplo, um  tipo de"fã" de certa banda/cantor. Ele não aceita que outras pessoas comecem a gostar da banda/cantor, ou acha que sabe mais do que todos, que é especial porque "começou a gostar primeiro", acha que as outras pessoas não têm capacidade de compreender o "trabalho" do cantor/banda (se for um caso ""cult""), aquilo lhe pertence, AQUELA DIVA, AQUELE DIVO, AQUELE (A) POETA, AQUELE COMPOSITOR (A). Esse tipo de fã, compartilha e faz questão de sempre afirmar seu amor por seu ídolo, disfarçado de: ESTOU AJUDANDO A DIVULGAR. Mentira, quer apenas afirmar seu gosto por aquilo, e se engana sem perceber, ás vezes. Se há algo de tão bom ali, que os olhos desse fã vê, porque não compartilhar de coração livre? Mesmo que outras pessoas não compreendam tanto quanto ele acha que compreende, qual o problema de elas tentarem? Muitas vezes eu vi esse bichinho me rondar, em relação a livros, e gostos pessoais que divulguei através de redes sociais, porém eu não deixei que ele se alimenta-se de mim, nem irei permitir, e se um dia voltar ESTAREI DE OLHO, runf!! Acredito que muitos dos trabalhos que gosto-por-demais- da-conta, tenham mensagens profundas...e mesmo que as pessoas não consigam expressa-las, não quer dizer que não compreendem também, tem coisas que não pertencem ao INTELECTO, tem coisas que pertencem SOMENTE ao coração, porém alguns conseguem transformar em poesia, música e melodia. Melhor parar gente, ninguém quer ficar feito o Sméagol de O Senhor dos anéis, e ser consumido pelo "precioso", né não? rs. :D





~~~Imagens de leve terrorismo psicológico, rs rs~~~

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Vagalumes, Vaga-lumes, pirilampo, besouros tec-tec, trenzinhos, caga-lumes, caga-fogos, cudelumes, luzecus, luze-luzes, lampírides, lampírios, lampiros, lumeeiras, lumeeiros, moscas-de-fogo, noctiluzes, piríforas, salta-martins, uauás, Lampyris noctiluca.

Parece poesia, feitiço de bruxa, coisa de doido, mas são outros nomes dos nossos conhecidos VAGALUMES.
Amar os livros é trabalhar o tempo todo com o dilema de ler ou não ler. E quando é escolhido trabalhar com eles a vida toda então? É tentar manter-se concentrada ao ler um resumo sem que os arquivos da memória e do coração te lembrem de adaptações de cinema, sessões de cinemas com pessoas especiais, e outras que estiveram presentes por compartilhar de um mesmo gosto, e para completar: cobertas, e três panelas de chocolate quente numa noite fria dentro de um cinema do interior. É tentar não lembrar da disputa entre você e seu querido amigo por miniaturas colecionáveis das personagens (e ele vencer), tentar não lembrar daquele amigo que já não está mais presente, aquele mesmo que de teu O Anel do Poder, e provou ser quase um Samwise Gamgee, não fosse por um detalhe...Tudo isso e muito mais é ativado pelas lembranças ao pegar um livro querido em mãos, falo de O Senhor dos Anéis nesse caso (claro), ganhado um tempinho atrás por um querido amigo, que mora de frente para o meu quarto faz mais de um ano, tem uma coberta azul, detesta macarrão e tem os cabelos parecidos com os de meu papai, o que aumenta ainda mais meu afeto fraterno.
Os livros te ensinam lições, ensinam a descrever as coisas, os detalhes, fazem da nossa bagagem mais perfumada com palavras, exclamações ou mesmo as dúvidas...sempre deixam algo no ar. Passaram essas palavras, e outros pensamentos em segundos enquanto estava descrevendo um resumo, catalogando um Livro. Trabalhar com livros é ativar a memória, recordar-se para muito além de seu conteúdo, é despertar para além da leitura e da descrição, se você permitir: é mágico.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O menino e o rio.

Poema de Manoel de Barros, musicado por Marcio de Camillo. <3




O menino e o rio.



O corpo do rio prateia
Quando a Lua se abre
Passarinhos do mato gostam
De mim e de goiaba

Uma rã me benzeu
Com as mãos na água
Com os fios de orvalho
Aranhas tecem a madrugada

Era o menino e os bichinhos
Era o menino e o Sol
O menino e o rio
Era o menino e as árvores

Cresci brincando no chão
Entre formigas
Meu quintal é maior
Do que o mundo

Por dentro de nossa casa
Passava um rio inventado
Tudo o que não invento
É falso.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

MORADA

Morada


Como morada as cigarras escolheram a mais alta árvore, folhas amarelas.
Minha caixa de fósforo é sem enfeites
A cigarra cantava em cima do colorido,
um dia ficou muda, e o chão ficara marrom.


Muda ficara a cigarra mas não silenciada.
Minha caixa de fósforo sempre fora do tom de uma cor só.
Ensinara o colorido, mas no fim ficara só e sem o mesmo, sentada ou deitada.
Subindo as escadas pensei que ouviria, não ouvi.


Um cheiro único lá está presente depois que as cigarras se foram,
há ruídos do tempo, alguns vestígios também.
Minha caixa de fósforo tem briga, sem cadeira ou cama, mas tem a cor verde,

e é habitada pela presença de minhas amadas formigas.


***Poema inspirado na exposição artística "DIAS E NOITES", da artista plástica e fotógrafa Adriana Amaral.***

A MARCHINHA DA SEREIA, 

mais doce, impossível! <3